VENHA E CONFIRA

terça-feira, 24 de agosto de 2010

HISTÓRIA DO CIAO

A història do ciao é tão interessante que merece de verdade ser brevemente esmiuçada. Ciao, que uma vez era usado esclusivamente na Alta Itália, mas agora é cantado frequentemente como formula amigável de saudação, mesmo nos lábios de Toscanos e Romanos, é uma minúscula contribuição dos dialetos setentrionais, mais particularmente de um deles, o de Veneza, da língua falada. Em uma tão breve e passageira palavrinha, quem reconheceria de primeira mão, no italiano, a palavra schiavo (escravo – servo)? Então, se trata mesmo dessa palavra, escravo, e disfarçada à maneira veneziana. Slavo, então, sobretudo pelo fato de que no alto Medio Evo alguns grupos de Slavos foram reduzidos na Alemanha ao estado de servos, a palavra sclavus assume o valor genérico de servo, de escravo. No Século XVII em Veneza, schiavo, falado em dialéto, s´ciào, se tornou fórmula de reverência e homenagem. O cavaleiro se proferia servidor (s’ciào) à dama; um senhor se despedia dos amigos com um “Sou vostro escravo”.
O s’ciào de Veneza ganha rapidamente a Lombardia, a Emìlia, o Piemonte e avança até Nizza, onde ainda agora é vivo. Durante o caminho, para adaptar-se a cada lábio e permanecer com pronúncia mais fácil, simplifica-se, perdendo alguma coisa da asperidade do grupo consoante inicial e de s’ciào, forma-se o ciao de uso mais corrente; si generaliza no uso, e com o tempo, vai perdendo o valor etmológico originário na consciência dos falantes. O adotam até mesmo as senhoras. E de forma cerimoniosa o ciao torna-se a saudação da intimidade. Acontecimento singular de uma palavra! Os mocinhos e senhoritas do nosso século que dizem “bom dia” ou “até mais” aos seus amigos com o apressado e confidencial ciao suspeitam de usar a mesma palavra de saudação de graciosidade setecentista que o cavaleiro dirigia às damas e ás turmas senhoris entre uma reverência e outra ao entrar ou ao sair dos salões?

Tradução de artigo do livro: Dal testo alla regola - Grammatica della lingua italiana - G. M. Alberti e G. Giovannini. Segunda Edição: Fev 1970.

Fonte: SHVOONG

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